A BELEZA DO SERVIÇO CRISTÃO
Texto Áureo: Jo. 13.14 – Leitura Bíblica: Jo. 13.12-17; At. 2.42-47
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
Objetivo: Mostrar aos alunos que a vida cristã somente faz sentido quando servimos a Deus e ao próximo em perfeito amor.
INTRODUÇÃO
O
serviço cristão é uma das formas mais eficazes de testemunho da igreja.
A atuação dos crentes da igreja em Jerusalém para o serviço resultou na
conversação de muitas pessoas (At. 2.47). Na aula de hoje estudaremos a
respeito da relevância do serviço cristão. No início da aula
definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida,
ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço.
Ao final, refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja
primitiva em Jerusalém.
1. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES
No
Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço é abad, usando tanto
no contexto religioso quando de trabalho. Um exemplo de serviço é a
condição de servidão de Esaú em relação a Jacó (Gn. 25.23). Quando o
termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o
sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar,
servir, oficializar”, comumente usado para se referir aos trabalhos
realizados no palácio real (II Sm. 13.17; I Rs. 10.5) ou nos serviços
públicos (I Cr. 27.1; 28.1; Et. 1.10) Sarat aponta para a condição de
“ministro” ou “servo”, como Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11;
Nm. 11.28) e aos anjos que servem a Deus (Sl. 104.4) O conceito bíblico
de serviço, No Novo Testamento, vem do grego diakonia, do verbo
diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de servir às mesas (At.
6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (I Tm. 3.10,13). O ato de
Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de
serviço (Mt. 20.28). O verbo douleuo, em grego, também se refere ao
serviço do cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado
para “ser escravo”, ou de “alguém que se conduz em total serviço ao
próximo”. Jesus destaca, em Mt. 6.24, que ninguém pode servir a dois
senhores. Em Rm. 6.6, Tt. 3.3 e Gl. 4.8,9 Paulo explica que todos
aqueles que se encontra fora da esfera da graça são servos do pecado.
Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma ao outro em
amor (Gl. 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está restrito
àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os primórdios,
os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada um
(At. 4.32-37; II Co. 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef.
4.12).
2. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO
Jesus
quis deixar aos seus discípulos o exemplo de serviço, e isso se fazia
necessário porque, naqueles dias, assim como atualmente, são poucos os
que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser senhor (Mt. 20.20-27).
Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de quem seria o
maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se
apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não
para ser servido (Mc. 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar
aos crentes de Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória
celeste, e assumiu a forma de servo (Fp. 2.5-8). No capítulo 13 de
João, o Senhor revela a beleza do serviço cristão, e esse, na verdade,
não se reverte, pelo menos na dimensão terrena, em ostentação, mas em
sacrifício e humildade. Primeiramente, a motivação do relacionamento de
Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele os amou até o fim (Jo.
13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento deva ser o amor,
aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão amigos de
verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser entregue
às autoridades romanas para ser crucificado, o Diabo já havia se
apossado do coração de Judas para trair o Senhor (Jo. 13.2). Mas Jesus
sabia que tudo estava entregue nas mãos do Pai, e que Ele, em Sua
soberania, controlaria todas as coisas (Jo. 13.3). Quando o cristão tem
convicção do Senhorio de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos,
pois sabe que o Senhor tem as situações em Suas mãos. Com base nessa
certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu os lombos, numa atitude de alguém
disposto a servir (Jo. 13.4). Em seguida, passou a lavar os pés de cada
um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a enxugá-los com a
toalha (Jo. 13.5). Jesus mostrou condescendência até mesmo com aquele
que haveria de trai-lo, do mesmo modo, o Senhor nos desafia a servir
aqueles que nos fazem o mal. Pedro reconheceu que aquela era uma atitude
humilhante, por isso, se opôs ao ato de Jesus (Jo. 13.6). Pedro não
havia compreendido ainda a natureza do serviço cristão (Jo. 13.7). Há
muitos hoje que não sabem ainda o que significa servir a Cristo e ao
próximo. Não são poucos os que querem ser líderes na igreja, apenas para
desfrutar das honrarias, que consideram ser inerentes aos cargos. Pedro
se mostrou relutante em ter seus pés lavados por Jesus, reafirmou sua
insatisfação diante daquela demonstração de serventia (Jo. 13.8). Lavar
os pés das visitas era uma atitude comum naqueles tempos, mas geralmente
desempenhada pelos mais simples serviçais da casa. Por essa razão Pedro
pediu ao Senhor que não apenas lavasse os pés, mas as mãos e a cabeça
(Jo. 13.9). Jesus destacou que eles estavam limpos, exceto Judas, mas
que todos precisavam daquela lição (Jo. 13.10,11). Após aquele ato de
demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus
discípulos, seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e
Senhor, no entanto, ao invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua
disposição para o serviço (Jo. 13.12) e deixar a instrução para que seus
discípulos fizessem o mesmo (Jo. 13.13,14). Portanto, aquele não era um
ato apenas para ser admirado, mas para ser imitado na prática cotidiana
(Jo. 13.15,17), considerando que, no Reino de Deus, maior é o que serve
mais (Jo. 13.16).
3. UMA IGREJA QUE SERVE
A
Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do Mestre Jesus. Aquela
não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida em que essa
começou a crescer, os problemas também apareceram (At. 6.1). O exemplo
daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na
doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado,
viviam “na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At. 2.42). Os
primeiros crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e
tinham tudo em comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo
moderno, mas de uma disposição voluntária para servir ao próximo, pois
“vendiam sua propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada
um tinha necessidade” (At. 2.44). Não que essa fosse uma realidade em
todas as igrejas do primeiro século. Alguns estudiosos admitem que a
pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa generosidade
“precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do texto,
pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta.
Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como
doutrina, já que não encontramos respaldo no contexto geral da
Escritura, nem mesmo no próprio livro de Atos (At. 5.3). Contudo, o
princípio de partilhar com os necessitados não pode ser descartado, pois
o encontramos em várias passagens da Bíblia, que nos orientam a esse
respeito: II Co. 8.9-15; 9.6-15; I Jo. 3.16-18. A Igreja que é cristã se
preocupa com os necessitados, não fecha os olhos aqueles que padecem
privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade, mas o ser
humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito,
alma e corpo (I Ts. 5.23).
CONCLUSÃO
O
chamado do cristão se assemelha ao de Cristo, portanto, dever buscar
servir, não sermos servidos. Esse é um desafio para o individualismo
moderno, poucos são os que estão dispostos a abrirem mão da zona de
conforto. Há até os que não querem qualquer envolvimento com as pessoas,
principalmente os que sofrem, para que não sejam “contaminados” com o
sofrimento dos outros. Paradoxalmente, o apóstolo Paulo orienta aos
crentes a “chorarem com os que choram” (Rm. 12.15). Somos cristãos não
para “parar de sofrer”, como propagam alguns, mas para sofrer com os que
sofrem, somente assim viveremos o amor de Cristo, isso porque não
existe amor sem sacrifício. Deus deu o exemplo maior de amor e
sacrifício (Jo. 3.16; Rm. 5.8), assim devem agir todos aqueles que são
servos genuínos (Jo. 12.26).
BIBLIOGRAFIA
PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
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