COMO ALCANÇAR A VERDADEIRA PROSPERIDADE
Texto Áureo: I Cr. 29.12 – Leitura Bíblica: I Cr. 29.10-18
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
O
mercado livreiro está repleto de dicas a respeito de como alcançar
sucesso financeiro. Os autores desses best-sellers estão cada vez mais
ricos, mas os seus leitores continuam pobres, mesmo depois que leem seus
livros. As igrejas estão na rota desse pensamento contemporâneo, alguns
líderes eclesiásticos estão se tornando consultores para o
enriquecimento em dez dias. Na lição de hoje, na contramão dessa
perspectiva, mostraremos que a verdadeira prosperidade nada tem a ver
com o que apregoam os adeptos da Teologia da Ganância, em seguida,
destacaremos os fundamentos bíblicos para se alcançar a verdadeira
prosperidade.
1. A BUSCA DO HOMEM PELA PROSPERIDADE FINANCEIRA
O
homem moderno é produto da sociedade capitalista e tecnológica que o
conduz ao consumismo. Nesse contexto, o ter acabou se tornando mais
importante do que o ser, de modo que as pessoas são avaliadas não pelo
que são, mas pelo que têm, e, às vezes, não pelo que possuem, mas pelo
que aparentam que possuem. A propaganda é o meio que divulga os ideais
consumistas, as pessoas são incitadas, a todo instante, a adquirem
mercadorias que não precisam para satisfazerem não a si próprias, mas às
exigências dos outros. Como resultando dessa lógica, muitos estão
entrando pelo caminho do endividamento, indo além das suas capacidades
de pagamento. O meio ambiente também está padecendo, tendo em vista que o
mercado está disponibilizando cada vez mais produtos descartáveis, os
quais, quando não são reciclados, demandam maior necessidade de
matéria-prima, e, por sua vez, comprometem a saúde do planeta. A lógica
consumista está moldando as atitudes do homem moderno de tal modo que o
ser humano finda sendo reduzido à quantidade de quinquilharias que
consegue acumular. A ética capitalista, conforme demonstrou Max Weber,
tem fundo religioso, e mais especificamente, protestante. Ao invés de
investirem no Reino de Deus, e mais especificamente, nos outros, os
fiéis transformam o acúmulo em um fim em si mesmo, em alguns casos, como
vemos nos dias atuais, sacramentalizam a riqueza e transformam a
ostentação em benção divina. A Teologia da Ganância impera de tal modo
em algumas igrejas que seus fiéis não buscam mais estar em conformidade
com a vontade de Deus, mas a acumularem um patrimônio a respeito do qual
possam se gloriar.
2. A PROSPERIDADE FINANCEIRA NA VISÃO NEOTESTAMENTÁRIA
Uma
leitura cuidadosa dos evangelhos e das epístolas do Novo Testamento nos
mostrará que essa lógica nada tem de bíblica. A economia de Deus está
distante daquilo que nos é apresentado pelos teólogos da ganância nos
canais de televisão. O apóstolo Paulo afirma que quem deseja obter
riqueza cai em “muitos desejos descontrolados e nocivos” (I Tm. 6.9,10).
Conforme destacou o Senhor Jesus, ser rico pode se tornar um empecilho
para segui-LO, tendo em vista que é mais fácil um camelo passar pelo
fundo de uma agulha que um rico entrar
no Reino de Deus, o que espantou Seus discípulos, os quais, ao que tudo
indica, pensavam de acordo com a teologia da benção material (Mt.
19.24,25). Os pobres, ao contrário do que acreditavam Seus discípulos, e
os adeptos da famigerada Teologia da Ganância, são objeto do interesse
divino (Mt. 5.1-12). Enquanto muitos, nestes tempos, buscam confiança
nas riquezas, e tantos outros, fazem tudo para tê-las, utilizando até de
meios escusos, Jesus chama a atenção para o “engano das riquezas” (Mt.
13.22). Aqueles que somente querem a prosperidade financeira deveriam
ler mais os evangelhos, pois Jesus é categórico ao reprovar o acúmulo de
tesouros na terra (Mt. 6.19-21). O interesse do Senhor é que acumulemos
tesouros no céu (Mt. 6.10), e que coloquemos em primeiro lugar o Reino
de Deus e a sua justiça (Mt. 6.33). Os adeptos da teologia da ganância
buscam aproximação com os ricos, justamente o contrário de Jesus que se
aproximava dos pobres (Lc. 1.51-53; 14.12-14). Até mesmo a corrupção tem
sido naturalizada em determinados arraiais, contrariando o ensinamento
de Jesus, especialmente no que tange à coisa pública (Lc. 3.11-14).
Zaqueu é um exemplo de alguém que lidava indevidamente com os bens
públicos, mas que ao ouvir o evangelho de Jesus, decidiu mudar seu modo
de vida (Lc. 19.8,9). A riqueza é perigosa porque o seu poder está
relacionado a uma divindade, Mamom, que é rival de Deus (Mt. 16.33),
aqueles que adoram a esse deus são chamados por Jesus de insensatos (Lc.
12.16-21). As palavras de Paulo, ao jovem pastor Timóteo, servem de
alerta a todos os cristãos, em especial à liderança: “os que querem
ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos
descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e
na destruição” (I Tm. 6.9), por isso, o líder da igreja não deve ser
“apegado ao dinheiro” (I Tm. 3.3) e os diáconos não podem ser amigos de
“lucros desonestos” (I Tm. 3.8).
3. O CAMINHO PARA A VERDADEIRA PROSPERIDADE
O
caminho para a verdadeira prosperidade se encontra, entre muitas
passagens bíblicas, na igreja de Jerusalém. Aquela sim era uma igreja
próspera, pois mesmo não sendo normativo, os crentes demonstravam
sensibilidade para as necessidades dos mais carentes. Lucas registra que
“os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas
propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade”
(At. 2.44,45). Ao invés de viverem apregoando a prosperidade financeira,
buscavam a comunhão uns com os outros, se “dedicavam ao ensino dos
apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações” (At. 2.42), a
lógica do acúmulo não era central naquela comunidade, pois exercitavam a
generosidade espontânea (At. 4.36,37). A comunhão era o valor
fundamental, pois “ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que
possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinha” (At. 4.31,32). Esse
modelo, conforme destacamos anteriormente, não deve ser imposto sobre
quem quer seja, os membros da igreja, conforme depreendemos de At.
5.1-5, tinha liberdade, isto é, opção de ficarem com seus recursos,
ninguém era obrigado a entregar tudo o que tinha. O princípio, no
entanto, permanece, a generosidade deva ser cultivada na igreja e a
preocupação com as necessidades do irmão. Ser verdadeiramente próspero,
nesse sentido, não significa acumular mais, antes ter mais para
contribuir para o Reino de Deus. A condição financeira das pessoas nas
igrejas é um assunto por demais complexo, e que não pode ser
simplificado, sob o risco de cairmos no simplismo. As condições sociais e
as oportunidades que as pessoas tiveram ao longo da sua existência não
podem ser desconsideradas. É preciso estar ciente de que vivemos em um
mundo injusto, distanciado da graça de Deus, as pessoas não têm
igualdade de oportunidades. Os ricos conseguem ficar cada vez mais ricos
e os pobres cada vez mais pobres. A educação tem sido um instrumento
para a ascensão social, mas não podemos deixar de atentar para o fato de
quem nem todos têm oportunidade à educação de qualidade e ao emprego.
CONCLUSÃO
Diante
dessa realidade, precisamos reconhecer que a economia de Deus vai em
direção oposta àquela apregoada pelo mundo. Na economia de Deus não vale
mais o que mais acumula, mas o que mais se desprende. Na economia de
Deus o investimento maior não é no material, mas no celestial, onde o
ladrão não rouba nem a traça corrói. Aqueles que, com seu trabalho
honesto ou com muito estudo, conseguiram uma condição mais abastarda,
lembrem-se daqueles que nada têm, e da recomendação bíblica: “a quem
muito foi dado, muito será cobrado” (Lc. 12.48).
BIBLIOGRAFIA
FOSTER, R. A liberdade da simplicidade. São Paulo: Vida, 2008.
WILSON-HARTGROVE, J. God’s economy. Grand Rapids: Zondervan, 2009.