ESMIRNA, A IGREJA
CONFESSANTE E MÁRTIR
Texto Áureo: Ap. 2.10 –
Leitura Bíblica: Ap. 2.8-11
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Um dos principais desafios da igreja, em meio à secularização, é
confessar Cristo como Senhor. Por causa disso, algumas vezes, um preço alto
precisa ser pago, o de enfrentar duras perseguições. Na lição de hoje
estudaremos a carta que Cristo endereçou à Igreja de Esmirna, veremos que, tal
como aquela, devemos, nos dias atuais, ser fiéis à Palavra de Deus, ainda que
sejamos perseguidos.
1. A IGREJA DE ESMIRNA
Esmirna significa myrh, fragrância usada para se fabricar perfume,
sua casca exalava uma suave fragrância, como essa igreja, que tinha o cheiro de
Cristo (II Co. 1.15-17). Esmirna ficava a aproximadamente cinquenta e cinco
quilômetros ao norte de Éfeso e era um ponto marítimo próspero. Ela disputava
com Éfeso o status de ser a principal cidade da Ásia. Esmirna esteve ao lado de
Roma antes mesmo desta se tornar um império mundial. Nessa cidade o imperador
era cultuado, e, devido ao seu prestígio político, obteve a honra de erigir um
templo ao imperador Tibério em 26 d. C. Em 155. d. C., Policarpo, o bispo de
Esmirna, foi sacrificado, em um complô entre os judeus e os romanos, que lhe
pediram a vida. Antes do seu martírio, confessou sua fé em Cristo com a célebre
frase: “Tenho servido ao Senhor Jesus por 86 anos. Ele tem sido fiel a mim.
Como posso ser infiel a Ele, e blasfemar contra o nome de meu Salvador?”. Não existem informações a
respeito de como a igreja foi fundada naquela cidade, supõe-se que essa tenha
sido plantada como resultado dos trabalhos missionários de Paulo na região (At.
19.10). A palavra-chave extraída da carta de Cristo à igreja de Esmirna é
sofrimento, tendo em vista que essa, diferentemente de Éfeso, demonstrou seu
amor por Cristo, mesmo em meio à tribulação. Como Pedro e João, eles se
regozijavam em “de terem sido julgados dignos de sofrer
afronta pelo nome de Jesus” (At. 5.41), ciente da bem-aventurança de padecer por amor a
Cristo (Mt. 5.11).
2. UMA IGREJA MÁRTIR
Para a Igreja de Esmirna, que estava sofrendo perseguição, Jesus se
apresenta como o que foi morto, e reviveu (Ap. 2.8). A essa igreja não é
direcionada qualquer repreensão, antes palavras de encorajamento. Ele conheçe
as suas obras, tribulação e pobreza, principalmente a riqueza espiritual. Jesus
se identifica com a igreja que sofre, pois ele mesmo sabe, por experiência –
inferimos pelo verbo oida – conheço em grego. Ele sabe da tribulação que a
igreja passa, não apenas intelectivamente, mas experiencialmente. A relação
política de Esmirna com Roma ensejou dura perseguição contra os cristãos
daquela cidade. Aquela era uma igreja atribulada pelo poderio de césar. Essa
perseguição política resultava em pobreza, o que geralmente costuma acontecer
(Ap. 2.9). A política é algo sério porque implica diretamente na vida das
pessoas, posicionamentos governamentais podem favorecer o aumento da pobreza.
Em oposição à famigerada teologia da prosperidade, ou melhor, da ganância,
Cristo afirma que, mesmo sendo pobres, os crentes de Esmirna eram ricos. A
pobreza não é uma maldição, Jesus declara que os pobres são bem-aventurados
(Lc. 6.20) e Tiago assegura que Deus escolheu os pobres deste mundo para serem
os ricos na fé (Tg. 2.5). Havia uma nítida perseguição religiosa, por parte
daqueles que “se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás” (Ap.
2.9). Desde o princípio os cristãos sofreram perseguição por parte dos
religiosos judeus, Estevão, o primeiro mártir da igreja, fora apedrejado em
Jerusalém (At. 7). Os judeus perseguiram Paulo em Antioquia da Psídia (At.
13.50), em Icônio (At. 14.2,5), em Listra (At. 14.19) e em Corinto (At. 18.6).
3. UM CHAMADO À
FIDELIDADE
Jesus não prometeu o fim da perseguição, antes encorajou a igreja para
que se mantivesse fiel: “nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o
diabo lançará alguns de vós na prisão, e terei uma tribulação de dez dias” (Ap.
2.10). Não sabemos se esses dez dias foram literais, mas devam ter sido
difíceis, tendo em vista a força do poderio romano que estava a serviço do
diabo. A luta da igreja não é contra a carne e o sangue, isto é, contra
pessoas, mas contra os principados, potestades, príncipes das trevas e hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef. 6.11,12). Existem muitos
crentes, nos dias atuais, que estão com medo da perseguição. Mas não devemos
temê-la, pior que a perseguição é o esfriamento no qual muitas igrejas se
encontram. A perseguição não desvia o cristão, antes purifica a igreja,
levando-a a confessar, com ousadia, sua fé em Cristo. Alguns dos crentes de
Esmirna estavam assustados, e até amedrontados, pois eram pessoas comuns, por isso
as palavras de Jesus “nada temas” e “sê fiel até a morte”. A promessa do Senhor
é que aqueles que fossem fiéis, mesmo que tivessem que passar pela morte,
receberiam a “coroa da vida”. A primeira morte não deveria ser motivo de pavor
para os crentes, já que, como diz a letra de um antigo hino, “não se pode matar
um crente”. Não devemos temer aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a
alma, antes temamos Aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma
quanto o corpo (Mt. 10.28). Ser evangélico nominal é fácil, difícil mesmo é ser
discípulo de Cristo, o que acarretará em perseguição (II Tm. 3.12). Quem quiser
ir após o Senhor deve negar a si mesmo, tomar a cruz do discipulado, até a
morte, como aconteceu com Dietrich Bonhoeffer, enforcado no campo de
concentração na Alemanha, em 1945, por confessar sua fidelidade a Cristo.
CONCLUSÃO
Cristo é o Senhor da Vida, por isso, a morte foi vencido através da
Sua ressurreição. Se nos mantivermos fiéis, na vida ou na morte, não sofreremos
a segunda morte. Aqueles que não fraquejarem receberão dEle as seguintes
palavras: “Vinde, benditos de meu Pai. Possui por herança o reino que vos está
preparado desde a fundação do mundo” (Mt. 25.34). Sejamos, pois, fiéis, em
todas as circunstâncias, e, que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas.
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Ouça o que o Espírito diz
às igrejas. São Paulo: Hagnos, 2010.
STOTT,
J. O que Cristo pensa da igreja.
Campinas: United Press, 1999.