A DIVISÃO
ESPIRITUAL NO LAR
Texto Áureo: I Pe. 3.1 –
Leitura Bíblica: I Co. 7.12-16
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Idealizamos em demasia a família, principalmente a cristã. Imaginamos,
às vezes, que existem lares perfeitos. Na lição de hoje, veremos que as
famílias, no contexto da Bíblia, são imperfeitas, principalmente quando um dos
cônjuges não expressa a fé em Cristo. A princípio, trataremos a respeito das
situações em que um cônjuge se converte, mas o outro continua descrente, em
seguida, apresentaremos encaminhamentos bíblicos para o convívio conjugal em
casos como esses.
1. UM CÔNJUGE DESCRENTE
Em I Co. 7.12-16 Paulo apresenta algumas instruções
em relação ao casamento, principalmente em contextos nos quais um dos cônjuges
é descrente. A orientação do Apóstolo é que “a mulher não se separe do marido
(...) e que o marido não se aparte da sua mulher” (vs. 10,11). Paulo repete
textualmente as palavras de Jesus: “quem repudiar sua mulher e casar com outra,
comete adultério contra aquela. E se ela repudiar seu marido e casar com outro,
comete adultério”. Por conseguinte, o comprometimento conjugal entre um homem e
uma mulher é para toda a vida, como dito nos votos nupciais, “na saúde e na
doença; na alegria e na tristeza; até que a morte os separe”. Conforme disse o
Senhor, “o que Deus juntou não o separe o homem” (Mc. 10.9,11). Mas Paulo está
preocupado com uma situação que deveria ser bastante comum em Corinto, um
cristão novo convertido está casado com uma pessoa descrente, resultando em
divisão espiritual no lar. Em situações tais, é comum a tensão entre os
cônjuges, haja vista os padrões de vida distintos. O resultado, naquele tempo,
como acontece atualmente, é a diferença nos interesses, principalmente os
espirituais. O marido ou a mulher pode se dar conta de que está vivendo com uma
nova pessoa, que, necessariamente, não é a que ele ou ela gostaria. O
ensinamento apostólico, apoiado também por Pedro, é que as mulheres que tenham
um marido descrente sejam: “submissas a vossos próprios maridos, para que, se
alguns ainda não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra alguma, por meio
do procedimento de suas esposas, ao observarem o vosso honesto comportamento
cheio de grande temos” (I Pe. 3.1,2). Como aplicação geral, o cônjuge crente
deve ser espiritualmente sábio para não perder seu casamento por causa da
descrença do marido ou da esposa.
2. CASAMENTOS IMPERFEITOS
O princípio fundamental é que nenhum casamento é perfeito, já que as
pessoas que dizem “sim”, são caídas, mesmo as que são cristãs. Essa situação é
mais difícil ainda quando um dos cônjuges converte-se ao evangelho, e outro
permanece descrente. Por esse motivo, o ideal é que não haja jugo desigual no
namoro, os jovens cristãos devem se casar no Senhor (II Co. 6.14). Mas o jugo
desigual não está restrito à fé, é necessário também que os jovens cristãos
avaliem a possibilidade de um relacionamento. A diferença marcante na condição
socioeconômica e educacional pode ser um jugo desigual para o futuro do
casamento. Por isso, os jovens devem
avaliar as condições reais para a realização de um casamento. O damasceno
Eliezer, ao ser enviado por Abraão, a fim de trazer uma noiva para Isaque,
considerou as circunstâncias na escolha, sem deixar de orar (Gn. 24. 12-26). A
escolha apropriada é importante porque depois de casados, não há outra saída
senão administrar as diferenças, a fim de permanecerem juntos. Mas no caso em
que um dos cônjuges se converte depois do casamento, Paulo diz que o “marido
incrédulo é santificado no convívio da esposa e a esposa incrédula é
santificada no convívio do marido crente” (I Co. 7.14). Isso quer dizer que
quando um cônjuge entrega a vida ao Senhor o outro tem seu proceder modificado.
O Apóstolo não está garantindo a salvação “automática” para o cônjuge
descrente, mas um relacionamento sexual que tem a benção de Deus, bem como os
filhos provenientes dessa relação. A esperança do Apóstolo, como a de todos os
cristãos que estão envolvidos em um casamento no qual um dos cônjuges é
descrente, e que a conversão aconteça em algum momento. O amor é o caminho
sobremodo excelente para que um cônjuge crente possa conduzir o cônjuge
descrente ao evangelho de Jesus Cristo (I Co. 13). Os crentes são chamados
foram “chamados para a paz” (v. 15), esse é o princípio dominante no
relacionamento conjugal.
3. CASAMENTOS COM GRAÇA
Nenhum casamento subsiste sem amor, e
principalmente sem graça, com a
permissão de um trocadilho, casamento sem graça é uma desgraça. Isso
porque a
palavra “graça”, em grego charis, quer dizer “favor imerecido”. Os
cônjuges,
sejam crentes ou descrentes, precisarão estar cientes de que o casamento
é uma
união de pessoas imperfeitas, para usar um termo mais teológico,
pecadoras. Alguns
cursos para casais partem de visões idealizadas que não têm o respaldo
bíblico.
Quando lemos a Bíblia, nos deparamos com uma série de casamentos
imperfeitos:
maridos polígamos, filhos desobedientes e adultérios escandalosos.
Apesar de
tudo, Deus agiu através desses casamentos, transformando a desgraça em
graça. Evidentemente, o alvo de todo cristão, dentro e fora do
casamento, é a santificação, para a qual fomos chamados (I Pe. 1.15,16),
mas também
para a graça, aceitando um ao outro, sem aspereza (Cl. 4.6), exercitando
o perdão (Cl. 3.13). O casamento, seja entre pessoas crentes ou
descrentes, é
formado por pessoas pecadoras. A queda conduz o ser humano a pensamentos
egoístas, por isso, cada um deve examinar a si mesmo diante do Senhor (I
Co.
11.28). Antes de incriminar o outro, o cônjuge deve avaliar suas
motivações,
saber que, como diz Paulo, é um dos principais pecadores (I Tm. 1.15). A
fim de
preservar o casamento, os cônjuges devem investir mais na graça, e menos
nos
defeitos uns dos outros. Sem esse quesito, acontecerá o mesmo que
fizeram os
primeiros pais. Ao invés de reconhecerem seus pecados, decidiram
incriminar um
ao outro, e por fim, a Satanás (Gn. 3.1-13).
CONCLUSÃO
O casamento é uma união de pessoas imperfeitas, sejam elas crentes ou
descrentes. No caso em que um cônjuge não professa a fé cristã, a situação
tende a ser mais difícil ainda, causando divisão espiritual. Em todos os casos,
o amor é o ingrediente indispensável para a manutenção do casamento (Ef.
5.23-33), o qual é manifesto em graça, cuja expressão maior é Deus, em Seu
agape (Jo. 3.16), encarnado em Cristo (Tt. 2.11-14), a fim de que vivamos
para Ele (II Co. 6.16-18).
BIBLIOGRAFIA
HARVEY, D. Quando pecadores
dizem ‘sim’. São José dos Campos: Fiel, 2009.
PRIOR, D. A mensagem de 1
Coríntios. São Paulo: ABU, 2001.