A PERDA DOS
BENS TERRENOS
Texto Áureo: Jó 1.21 –
Leitura Bíblica: Jó. 1.13-21
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Os bens terrenos são perecíveis, essa é uma dura realidade, mas nem
todos sabem enfrentá-la. Quando as bolsas de valores caíram nos Estados Unidos,
em 1929, várias pessoas deram cabo às suas vidas. Atualmente, na Europa, muitos
estão fazendo o mesmo, por não saberem como lidar com a perda dos bens
materiais. Na aula de hoje, veremos que os bens terrenos são necessários, mas
não devem ser o tesouro maior do cristão.
1. JÓ, AS PERDAS DE UM
HOMEM DE DEUS
O livro bíblico de Jó
revela a tragédia humana diante das perdas, não apenas dos bens terrenos, mas
também dos filhos e da própria saúde. Poucas pessoas sabem, mas este é um dos
livros mais antigos da Bíblia, talvez mais recente apenas que o Gênesis. Uma
das perguntas cruciais do livro de Jó é: Se Deus é bom e amoroso, por que há
tanto sofrimento na terra? Os ateus dizem que Deus não existe com base nessa
premissa, argumentam que Ele não é bom, pois se assim fosse, não permitiria o
sofrimento. E que também não é poderoso, pois é incapaz de resolver os
problemas da humanidade. Jó, em seus discursos, principalmente diante dos
amigos, e nas orações direcionadas a Deus, tenta encontrar respostas para o seu
sofrimento. Seu maior desafio, como o de todos aqueles que passam por situações
adversas, é manter a fé em Deus. Mesmo sendo um homem íntegro, Jó perdeu seu
gado (Jó. 1.14-16), seus servos (Jó. 1.15,16), seus filhos (Jó. 1.19-21).
Apesar de tudo, Jó não perdeu a fé em Deus, Ele não se deixou conduzir pelas
circunstâncias (Jó. 2.9). A confiança de Jó em Deus tornou-se um exemplo de
perseverança para os cristãos (Tg. 5.11; Rm. 15.4). Diante das perdas
materiais, Jó reconheceu que tudo provinha de Deus, inclusive a sua riqueza, e
que Ele teria o direito de requerê-la (Jó. 1.21). Essa é uma demonstração de
que seu coração não estava centrado nos bens terrenos. Quando tinha em
abundância, Jó exercitava a generosidade, usando suas riquezas para o bem dos
outros (Jó. 4.1-4; 29.12-17; 31.16-32). Tal como Jó, qualquer pessoa pode
perder seus bens, a esse respeito escreveu Salomão: “Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com
a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se
enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de
repente” (Ec. 9.12).
2. OS BENS TERRENOS SÃO
PERECÍVEIS
Quando o ser humano se distancia de Deus, ele transfere sua adoração
para outrem. Jesus alertou a esse respeito quando disse que ninguém pode servir
a dois senhores. Um desses senhores, atualmente denominado de Mercado, é Mamom,
o antigo deus das riquezas (Mt. 6.24). Jesus contou uma parábola a respeito de
um rico insensato que depositou sua confiança nas riquezas. Não sabia Ele que
morreria em breve, por isso Deus o chamou de louco (Lc. 12.20). De que adianta
o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc. 8.36). As riquezas não
podem ser sacralizadas, Jesus ensina que o homem deve entesourar no céu (Mt.
6.20). As pessoas que devotam apenas ao acúmulo de dinheiro se tornam escravas
deste. Ao contrário do que apregoa a teologia da ganância, as riquezas, ao
invés de aproximar, podem distanciar as pessoas de Deus (Mt. 19.22-24). O jovem
rico não pode seguir a Jesus, pois, mesmo tendo algum interesse, não foi capaz
de se desvencilhar do poder das riquezas (Lc. 18.15-30). Muitos líderes
eclesiásticos estão recaindo nesse mesmo equívoco, advogando que riqueza é
sinal de espiritualidade. Há igrejas que se fundamentam sobre o discurso do
enriquecimento rápido, fácil e imediato. Mas Paulo instrui aos obreiros do
Senhor para que não desejem o enriquecimento, mas o contentamento (I Tm. 6.6-10).
O mundo valoriza demasiadamente as riquezas porque essas criam uma ilusão de
segurança. As pessoas acreditam que o dinheiro poderá garantir uma boa vida na
terra, já que deixaram de acreditar na vida eterna. Perder dinheiro, nesse
contexto, é perder a razão de existir, já que o ter é confundido com o ser.
3. QUANDO SE PERDE OS
BENS TERRENOS
Quando o cristão perde os bens terrenos, diferentemente daqueles que
não tem esperança em Deus, ele sabe que o dinheiro não dura para sempre, e que
não traz felicidade (Sl. 49.10-12; Pv. 23.4,5; 27.24; I Tm. 6.7). Ademais, Deus
é mais importante do que toda prata ou ouro do mundo inteiro, pois, na dimensão
escatológica, Ele é o dono de tudo (Sl. 55.22), portanto, devemos lançar sobre
Ele toda nossa ansiedade (I Pe. 5.7). Como diz a letra de um hino sacro: Se
você perdeu tudo aqui, menos a fé em Deus, então você não perdeu nada. Essa é
uma valiosa verdade espiritual, pois Deus pode trabalhar na vida das pessoas
através das perdas. Ele disse a Paulo que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza
(II Co. 12.9). Há momentos que as pessoas perdem na terra para ganhar no céu.
Jó, depois de perder tudo, recebeu em dobro da parte de Deus (Jó. 42.10-17).
Isso não é uma garantia de que acontecerá o mesmo com aqueles que decidem
seguir os caminhos de Deus. Não há, no Novo Testamento, uma promessa de riqueza
para aqueles que seguem a Cristo. No entanto, ainda que a pessoa perca tudo, ou
mesmo não tenha nada, receberá, no céu, a riqueza que não perece (Mt. 19.27).
Há promessas de galardões, a obra de cada um será provada no fogo, e cada um
receberá de acordo com o que fez, e com que intenção (I Co. 3.10-15), pois todos
comparecerão perante o Tribunal de Cristo (II Co. 5.10). Paulo, antes da sua
morte, espera, do Senhor, uma coroa de justiça do Senhor (II Tm. 4.8). Ao invés
de focarmos os bens terrenos, precisamos estar com os olhos fitos para os céus,
de lá virá nossa recompensa (Cl. 3.1). A Cidade Celestial, conforme descrita em
Ap. 21, é o lugar preparado por Jesus para todos aqueles que confiam nas Suas
palavras (Jo. 14.1).
CONCLUSÃO
A maturidade do cristão é alcançada na medida em que este se mostra
cada vez menos susceptível às intempéries da vida. Qualquer pessoa pode passar
por situações adversas, inclusive em relação aos bens terrenos. O diferencial
está na forma de reagir diante desse tipo de aflições. Ao invés de
desesperar-se, como faz a maioria das pessoas, o cristão sabe que seu tesouro
está preservado. As intempéries das bolsas de valores, as variações do câmbio
não podem afetar a fé daquele que confia no Senhor. Os que confiam no Senhor
são como o monte de Sião que não se abala, mas permanece para sempre (Sl.
125.1).
BIBLIOGRAFIA
RHODES, R. Por que coisas ruins
acontecem se Deus é bom? Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
TARRATACA, L. Como sobreviver à
crise financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.