O LEGADO DE
ELIAS
Texto Áureo: II Rs. 3.11
– Leitura Bíblica: I Rs. 19.16-21
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A vida e o ministério de Elias deixam muitas lições para os cristãos
deste tempo. Ele foi um homem de Deus que foi relevante para a sua época.
Apesar da crise estatal, e das suas próprias limitações humanas, foi uma voz
profética para aquela geração. Nesta lição trataremos a respeito do seu legado,
sua sucessão por Eliseu, e as qualidades que fazem com que ele seja digno de
ser lembrado.
1. A SUCESSÃO DE ELIAS
Elias tinha consciência
da sua transitoriedade, mais que isso, reconhecia a necessidade de um sucessor.
Por isso, próximo de ser tomado pelo Senhor em um redemoinho, partiu de Gilgal,
mas em companhia de Eliseu (II Rs. 2.1). Essa é uma característica fundamental
de todo homem ou mulher que exerce função de liderança na igreja. Jesus deu o
exemplo preparando Seus discípulos ao longo do ministério. Paulo formou filhos
na fé que foram capazes de conduzir o rebanho de Deus. O movimento evangélico
no Brasil está em crise. Muitos pastores não vislumbram mais o futuro da obra,
muito menos os valores do Reino. Eles querem se eternizar em seus cargos, têm
receio de perderem “a benção” terrena. A maioria deles não prepara sucessores
para assumir a obra quando partirem. E quando o fazem, escolhem não com base na
orientação de Deus, mas nas conveniências pessoais. Aqueles que estavam
próximos a Elias sabiam que Eliseu seria o sucessor, e o próprio Eliseu também
(II Rs. 2.2-6). Certamente Eliseu se destacou na escola dos profetas, ele era
aquele aluno que chamou a atenção do mestre. As pessoas a quem Deus chama têm
um potencial que não pode ser negado. Elas geralmente são as mais interessadas
nas “escolas dos profetas”. A preparação faz parte do processo de formação de
um líder, ele precisa tanto de conhecimento teórico quanto prático. As escolas
e institutos bíblicos, bem como as Escolas Dominicais exercem papel preponderante
na formação de líderes. Se quisermos encontrar líderes que queiram dar
continuidade à obra de Deus, não desprezemos aqueles que estão nesses
contextos.
2. O
TRANSLADO DE UM PROFETA
Antes de ser transladado Elias passou por um percurso geográfico e, ao
mesmo tempo, espiritual. Ele estava em Gilgal, depois seguiu a Betel, somente
depois ao Jordão. Gilgal foi o princípio, naquele lugar Josué acampou com o
povo de Israel (Js. 4.19). Depois Elias prosseguiu para Betel, um lugar de
oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8). Somente depois ele
partiu para Jericó, o lugar da batalha, e finalmente para o Jordão, de onde subiu.
Aquela jornada fazia parte também da formação dos seus sucessores. Eliseu
reconheceu a necessidade de acompanhar Elias naquele momento. O sucessor do
profeta prometeu não deixá-lo sozinho, sabia do valor do homem de Deus (II Rs.
2.6). A ausência de comunhão entre os líderes deste tempo é algo preocupante. A
competitividade se instaurou de tal maneira no seio da igreja que os pastores
não conseguem mais confiar uns nos outros. Eles estão sempre disputando
terreno, querendo ser um maior do que outro. A insegurança tem feito com que
muitos adoeçam tanto no corpo quanto na alma. Precisamos desesperadamente de
“eliseus” entre os pastores. Líderes em quem se possa confiar, principalmente
nos momentos mais difíceis. Essas pessoas podem, como Eliseu, desejarem o
ministério profético, e até mesmo o pastorado, pois excelente coisa almeja (I
Tm. 3.1,2), respeitando o tempo de Deus.
Aqueles que passam o cajado, devem saber quando devem fazê-lo para não
sacrificar a obra de Deus. Elias fez um pedido ousado, queria ser profeta. Não
estava pedindo comodidade, antes um ministério atuante. Esse é o principal
problema de alguns líderes eclesiásticos, eles não querem assumir o preço do
ministério profético. A seara continua grande, mas os ceifeiros ainda são poucos
(Mt. 9.37). Nem todos querem ir para a seara, preferem os grandes centros, onde
há status e riqueza. Eliseu não pediu para ser sacerdote, mas profeta, essa é
uma diferença que não pode ser desconsiderada. Pedir a porção dobrada no
ministério não significava, como alguém possa pensar, maior visibilidade. Com a
porção dobrada viriam maiores exigências, e por conseguinte, grandes
responsabilidades.
3. DIGNO DE SER LEMBRADO
Enquanto Elias e Eliseu conversavam, veio, repentinamente, um carro de
fogo, com cavalos de fogo e separou os dois. Eliseu viu, admirado, quando Elias
foi tomado ao céu em um redemoinho (II Rs. 2.11). É interessante observar que
Deus também pode manifestar sua presença em momentos simples do cotidiano.
Jesus disse que onde estivessem dois ou três reunidos em Seu nome ali Ele se
encontraria (Mt. 18.18-20). Há quem pense que o Senhor somente se manifesta nos
grandes encontros. Deus tomou Elias enquanto os dois conversavam, certamente a
respeito das maravilhas do Senhor. Precisamos valorizar mais as coisas pequenas
da igreja, não apenas os eventos vultosos. Eliseu aprendeu muito com os momentos
que esteve a sós com Elias, em conversas, talvez, despretensiosas. Os
discípulos de Jesus extraíram verdades, que se encontram registradas nos
evangelhos, a partir de diálogos simples. A conversa de Jesus com Nicodemos
(Jo. 3) e com a Mulher Samaritana (Jo. 4) são dois exemplos dessa verdade. O
líder que será lembrado não é aquele que ver multidões, mas pessoas. Elias é
lembrado porque o seu ministério esteve focado sobretudo em gente, não em
estruturas sociais, distanciadas de Deus. Muitos líderes eclesiásticos ficarão
na lembrança de poucos. Eles fazem autopromoção em demasia, pois já sabem que cairão
no esquecimento. Mas Elias, e todos aqueles que têm compromisso com a Palavra
de Deus, serão identificados. Acazias soube, pelas características, que Elias
era o profeta de Deus (II Rs. 1.3-8). Esta geração carece de verdadeiros homens
e mulheres que sirvam ao Deus vivo e verdadeiro (I Rs. 17.1). Elias foi também lembrado
por ser um homem de oração (Tg. 5.17,18). Os líderes eclesiásticos precisam
orar mais e brigar menos, somente assim poderão dar glória a Deus, falar a
palavra dEle, e não a deles mesmos (I Rs. 18.36).
CONCLUSÃO
O mesmo poder que esteve sobre Elias está disponível para os cristãos
hoje (Ef. 3.18-21), não apenas em porção dobrada, mas em abundância (Jo. 16.23;
At. 1.8; 2.2-4). Para recebermos precisamos orar, pois esta é a vontade Deus,
dar o Seu Espírito à Igreja (Lc. 11.11-13). Muitos não receberam o Seu poder
porque não pedem, nõ se interessam, querem apenas bênçãos materiais (Tg.
4.2,3). A vontade de Deus é que sejamos cheios do Espírito Santo, peçamos,
pois, Ele nos atenderá (I Jo. 2.14,15). Mas não nos afastemos das Escrituras,
saibamos manuseá-la, para sermos aprovados por Deus (II Tm. 3.16,17).
BIBLIOGRAFIA
GETZ. G. Elias: um modelo
de coragem e fé. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
SWINDOLL, C. R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão, 2001.