A ANGÚSTIA
DAS DÍVIDAS
Texto Áureo: Sl. 128.1,2
– Leitura Bíblica: I Tm. 6.7-12
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
As dívidas podem se tornar motivo de aflição para o cristão, e muitas
vezes, de angústia. Estudaremos, na aula de hoje, a respeito do tratamento
cristão no tocante ao dinheiro. A princípio, mostraremos como a Bíblia, no
Antigo e Novo Testamento, aborda o dinheiro. Em seguida, destacaremos o perigo
do endividamento e a angústia dele resultante. Ao final, apresentaremos
encaminhamentos para a administração dos recursos financeiros que evitem as
dívidas.
1. O DINHEIRO NA BÍBLIA
O dinheiro, no Antigo
Testamento, era resultando da fundição de metais, o principal deles a prata
(Gn. 42.25). O siclo de prata, de acordo com a legislação mosaica, era o valor
para resgate de um israelita do sexo masculino (Ex. 30.13), também para
compensações e multas (Ex. 21.23; Lv. 5.15; Dt. 22.19,20). Nos tempos do Novo
Testamento circulavam quatro tipos de dinheiro: em forma de moedas (romanas),
moedas antigas (gregas), moedas judaicas (de Cesaréia) e moedas de bronze. Essa
diversidade de moedas fazia com que houvesse necessidade de cambistas, alguns
deles se instalavam no templo em Jerusalém. Essa prática favorecia a
desonestidade, por esse motivo, Jesus expulsou os cambistas do templo (Jo.
2.15; Mt. 21.12; Mc. 11.15; Lc. 19.45). O tratamento dado ao dinheiro, e as
riquezas em geral, no Antigo e Novo Testamento, é diferenciado. No Antigo
Testamento, ter dinheiro, riqueza e/ou propriedade, era sinônimo de benção
divina. A prosperidade era
compreendida como benção de Deus, mas sua utilização tinha uma dimensão ética.
Por isso Ezequiel questiona o príncipe de Tiro quando esse se vangloria ao
dizer “eu me enriqueci” (Ez. 29.3). Mesmo no Antigo Testamento não é correto
desejar as riquezas, considerando que o Senhor destacou que Salomão foi
distinto ao não pedir “uma vida longa nem riquezas” (I Rs. 3.11). Não é certo requerer
riqueza de Deus, por isso, destaca o sábio: “Não me dês nem pobreza nem
riqueza; dá-me apenas o alimento necessário” (Pv. 30.8). No Novo Testamento,
Jesus é crítico em relação ao acumula das riquezas (Mt. 6.19-21). Por isso,
quando se encontrou com o jovem rico, orientou para que esse entregasse seus
bens materiais aos pobres (Mt. 19.16-22). Em uma de suas epístolas a Timóteo,
Paulo o orienta em relação ao perigo de amar as riquezas: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em
muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína
e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz
de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm. 6.9,10).
2. A ANGÚSTIA DAS DÍVIDAS
Essas orientações bíblicas coadunam-se perfeitamente à realidade do
mundo moderno, que colocou o dinheiro acima do próprio Deus, ou melhor,
dobrou-se diante do deus Mamom (Mt. 6.24), atualmente denominado de Mercado. A
fim de adquirir adeptos, Mamom precisa de uma doutrina, e essa se propaga com o
título de consumismo. Aqueles que amam o dinheiro nunca conseguem encontrar
satisfação, até o momento que percebem que isso não passa de vaidade (Ec.
5.10). O desejo de querer sempre mais está destruindo a natureza, e por
extensão as pessoas. Ninguém consegue realização plena, pois a propaganda, a
serviço do consumismo, motiva as pessoas a descartarem o que acabaram de
adquirir, a fim de comprarem algo que acabou de ser lançado. Existem, atualmente,
três teologias com P que se propagam
na sociedade evangélica: a da prosperidade, a da privação e a da provisão,
somente esta última tem o respaldo bíblico. Jesus prometeu suprir as nossas
necessidades, não as nossas vaidades, a teologia bíblica é a do contentamento
(Hb. 13.4,5), ainda que essa nada tenha a ver com falta de diligência ou
comodismo. Cada família precisa fazer os apontamentos necessários a fim de
evitar o endividamento. É muito bom ter crédito, melhor ainda é não precisar
utilizá-lo. O livro de Provérbios está repleto de conselhos que orientam a
respeito das consequências das dívidas (Pv. 1.13-15; 17.18; 22.26,27; 27.13).
Fazer empréstimos não é uma prática recomendada na Bíblia (Pv. 22.7), somente
quando for realmente necessário, e avaliando as condições para fazê-lo (Rm.
13.8). Em meio a essa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser, devemos
saber que o valor de uma pessoa não consiste em seus bens (Lc. 12.15). A
doutrina da prosperidade acima de qualquer custo é diabólica (Mt. 4.8,9), o
príncipe deste século deseja que as pessoas se tornem escravas dos padrões
deste mundo (Jo. 16.11; Rm. 12.1,2).
3. SAÍNDO DO VERMELHO
Para não entrar na circulo viciosa dessa sociedade consumista, e não
se tornar escravo do endividamento, que resulta em angústias, é preciso avaliar
bem antes de fazer compras, seria interessante fazer algumas perguntas antes:
essa compra é uma necessidade ou apenas um desejo? Será que tenho condições de
sanar essa dívida, poderia fazê-lo agora sem depender de crédito? Já comparei o
preço desse objeto com outros? Já orei? Estou em paz diante de Deus para fazer
essa compra? Essa compra tem a ver com o propósito que Deus tem para mim? Meu
cônjuge concorda com essa aquisição? A administração dos recursos financeiros é
fundamental para que a família viva em paz. Para tanto, alguns princípios devem
ser levados em conta: 1) Contentamento – Deus é o dono de tudo (Sl. 50.12), mas
isso não quer dizer que podemos sair por ai utilizando o cartão de crédito sem
critérios; Deus é o provedor do necessário, não do desnecessário (Dt. 8.17,18);
o desejo dEle é que estejamos contentos com Sua provisão (Fp 4. 12,19);
descanse no Senhor, independentemente da
sua condição financeira, na riqueza ou na pobreza (Hb. 13.5); 2) Autocontrole –
esteja atento ao fato de que nem tudo nos pertence (Ag. 2.8), por isso, tenha
cuidado para não cultivar a ganância (Lc. 12.15), estabeleça metas em relação
às finanças e resista à tentação do consumismo (II Co. 5.9; 10.13); 3) Mordomia
– planeje o orçamento, não gaste mais do que ganha, e não se esqueça do
compromisso com a obra do Senhor (Ml. 4.10; Lc. 11.42; I Co. 16.2; II Co. 8.3;
9.7), guarde parte do que ganhou, isso não quer dizer acumular, mas reservar
para os percalços, aos quais todos nós estamos sujeitos (Pv. 13.11), e
principalmente, esteja atento às necessidades dos outros (Pv. 19.17; Rm.
12.13); e 4) Oração – nossas orações refletem as intenções do coração, por
isso, tenhamos o cuidado de pedir o que é da vontade de Deus (I Jo. 5.14; Mc.
14.36; Fp. 4.6,7).
CONCLUSÃO
Os cristãos não estão livres da angústia das dívidas, e nem sempre
elas são resultantes de má administração dos recursos. Mas é preciso ter
cuidado para não entrar no endividamento que implique em problemas familiares e
espirituais. Quando as dívidas vierem de precipitações, ore, peça perdão a
Deus, arrependa-se, não entre em novos débitos (Fp. 4.19), fuja de situações
tentadoras, planeje em relação ao futuro (Lc. 14.28-32), busque conselhos com
pessoas experientes (Pv. 15.22), seja diligente nas pequenas coisas (I Ts.
4.1), procure seus credores e converse com eles (Pv. 22.1), ore e não se deixe
controlar pela ansiedade (Fp. 4.6) e aprenda a viver contente,
independentemente das circunstâncias (Fp. 4.11)
BIBLIOGRAFIA
BARNHILL, J. A. Antes que as
dívidas nos separem. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
TARRATACA, L. Como sobreviver à
crise financeira. Mogi das Cruzes: AVERBI, 2007.