Começou
tudo de novo. Parece que foi ontem. Mas já se passou mais de uma
década. Brincando, brincando, toneladas de sapos já se engoliu. O que a
princípio era ruim, inacreditavelmente piorou ano a ano. Protestos,
reclamações, indignações e, como resultado prático, nada. Ao contrário,
só deu mais audiência, fazendo engrossar a massa passiva, cega, escrava.
Um antigo ditado afirma
que em terra de cego quem tem um olho é rei. Irônico, apenas um olho e
pronto, caolho é rei. Não se necessita fortuna, ouro, terras, tesouros,
tradição, liturgia, basta ter um olho e, claro, habitar numa terra de
cegos, que o trono está garantido.
Olhe atentamente para o
robozinho símbolo do BBB. Lembrou? Isso mesmo, ele tem um olho apenas. E
com somente um olho reina absoluto no imaginário de grande parte da
audiência. O tal robozinho quer simbolizar apenas o ato de espiar, dar
uma olhadinha diária na casa dos brothers. A analogia monárquica é por
minha conta.
Seguindo com a
comparação, para quê dois olhos se o BBB reina absoluto junto a uma
massa totalmente cega e penosamente escrava? Cega porque só enxerga o
jogo de corpos enjaulados na tela, enquanto permanecem invisíveis a
dissimulação, a vulnerabilidade, a luxúria, a lascívia, a hipocrisia, a
sodomia, enfim, nada disso se vê, passa ao largo. Escrava porque embora
sonhe com uma vida digna, se curva ao conteúdo recheado de mentiras,
traições, pegações e baixarias.
O lado nada-a-ver disso
tudo são os discursos inflamados, as correntes nas redes sociais, as
rotulações diabólicas e as listas para se exigir a retirada do programa
do ar. Ora, ora, povo de Deus, e até povo que não quer ser chamado de
povo de Deus, basta mudar de hábito, desligar a TV, mudar o canal. A
emissora segue sua cartilha, sendo fiel a filosofia que garante sua
liderança, portanto assiste quem quer. Tirar o BBB do ar não é a
solução, ainda sobrará uma montanha de lixo. Lixo que, diga-se de
passagem, frequenta normalmente milhares de lares rotulados de cristãos,
e que já se acostumaram a podridão do lixo.
O salmista olha para o
alto dos montes e pergunta, de onde virá o socorro, poeticamente ele
responde que o socorro não vem dos montes, por mais altos que sejam. O
socorro, declara o poeta bíblico, vem do Senhor que fez o céu e a terra.
Qual a diferença do salmista para boa parte da igreja contemporânea?
Ele enxergava criticamente. Com sensibilidade não se rendeu a sedução
dos altares erguidos para as mais diferentes divindades sobre os montes.
Com fé ele olhou para Aquele que socorreu e salva de fato, o Senhor.
O BBB é só mais um
pequeno item num arsenal infindável de encantamentos que seduzem nossa
geração. Fechar os olhos, se curvar e se deixar escravizar é com cada
um. Você sabe o que coloca e o que consome na intimidade da sua casa.
Depois, quando a desinteria do caráter, da alma e do coração chegar
restará correr, mas correr mesmo, para ver se ainda dá tempo de voltar a
visão da liberdade do primeiro amor. Caso contrario vá brincando até a
luz se apagar.
Paz!
Por Edmilson Mendes
blog: calicedevida.com.br
twitter: @Edmilson_Regina